"Gadgets terapêuticos" e a revolução que ainda não chegou

Neste sábado, a Pop!Tech 2008 reuniu as palestras mais aguardadas por mim. Primeiro, a da pesquisadora do MIT Media Lab Kelly Dobson, que estuda a “linguagem das máquinas” e a nossa relação psicológica e sentimental com os objetos tecnológicos.

A maioria das pessoas deve conhecer a Kelly pelo seu projeto ScreamBody. Lembra? Aquela almofada para aliviar o stress, dentro da qual você pode gritar. Algo bem terapêutico, e estranho num primeiro momento. Veja esse vídeo, caso não lembre.

O trabalho de Kelly se debruça sobre a idéia de que existe a visão de que as máquinas são separadas do homem. Para ela, não deve ser assim.

Devido ao fato do homem estar, cada vez mais, no cotidiano, em contato com artefatos tecnológicos, os dois devem falar a mesma linguagem. Foi a partir disso que ela criou o Blendie, um liqüidificador que somente funciona se você falar a linguagem dele. É mais um conceito.

No entanto, o que mais chamou a atenção foi a apresentação do Omo, que faz parte do conceito de “Machine Therapy” – explorar o aspecto “emocional e terapêutico” das máquinas. Resume bem a pesquisa de Kelly no MIT.

É o protótipo de um robô em formato oval e feito de borracha, que responde aos nossos estímulos e os retransmite. Alguns desses estímulos são comparados aos gestos de uma mãe. Seu uso é voltado para a medicina e para o tratamento pós-cirurgias, hipertensão, stress etc..

O interessante é que parte do trabalho de Kelly vai ao encontro do pensamento de Michael Dertouzos, também do MIT. Segundo ele, a tal da “revolução digital” vai começar efetivamente no momento em que um computador for tão fácil, intuitivo e simples de mexer quanto uma televisão ou um fogão. Mas Kelly vai além – vai começar quando as máquinas entenderem os nossos sentimentos.

Não é uma questão apenas de evangelizar o mercado, catequizar os “profissionais caretas”. Existe, antes de tudo, uma questão de tecnologia por trás. A tal “revolução digital” não pegou simplesmente por que existe uma coisa bem maior, que é uma questão de timing tecnológico. As tecnologias ainda estão muito cruas. Elas ainda precisam “socializar” com a gente.

As fotos do post são de Kris Krug

Vídeo sobre o Omo
Site de Kelly Dobson no MIT

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4 respostas para “"Gadgets terapêuticos" e a revolução que ainda não chegou”.

  1. Aham, legal… até esse liquidificador virar um Cylon!

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  2. Quem tiver interesse em se aprofundar no assunto sugiro que leia gente como o filósofo Timothy Lenoir , para quem já somos híbidros, humanos/máquinas, ainda que a maioria não se deu conta disso.

    No link abaixo, há uma entrevista de Lenoir na qual ele fala da biotécnica, nootécnica e nanotécnica.

    Lenoir inclusive cita um cientista brasileiro, o Miguel Angelo Laporta Nicolelis, que, na Universidade de Duke (EUA), estuda a integração do cérebro humano com as máquinas.

    O brasileiro não é midiático como a Kelly Dobson, que é performática demais para o meu gosto, mas foi ele quem desenvolveu uma técnica que permite que sinais cerebrais controlem braços robóticos.

    Aqui está o link: http://integras.blogspot.com/2008/06/ser-humano-deseja-ser-mquina-j-somos.html

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  3. Adorei o Scream body. Deve ser um produto com grande apelo para as mulheres. E pode ser encarado com um bichinho de estimação. Tipo ‘Hoje vou sair com o meu Scream body!’. Muito lúdico. 🙂

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  4. Adorei a almofada, não conhecia, quero uma para mim. Postei no meu blog tb
    Obrigada.

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