Neste final de semana, estive na primeira edição da conferência TEDxSP. Maratona de mais de 30 palestras, apresentações de 5 a 15 minutos (a meu ver o tempo ideal para qualquer palestra) sobre temas que iam de biologia a educação, passando, claro, por tecnologia e mídia.
O formato é importado. O TED, na verdade, surgiu em 1.984, nos EUA.
Em relação à diversidade de temas, lembra bastante a POP!Tech.
A apresentação da Fernanda Viégas foi bem conectada com algumas coisas que venho abordando aqui, no blog – transparência e mesclagem de dados, APIs, novas narrativas.
A pesquisadora da IBM e do MIT mostrou que a atual “revolução da informação” faz surgir a necessidade de tradutores para entender esse excesso de informações resultante dela.
Um desses tradutores é a visualização de dados, que ela definiu como um “óculos especial” para enxergar nuances que antes não eram visíveis.
Dentro dessa ideia, Viégas mostrou o site que codesenvolveu em 2007, o Many Eyes, onde qualquer pessoa pode criar os seus próprios infográficos a partir de dados externos.
O Many Eyes é o “motor” utilizado pelo NYTimes no VizLab para desenvolver alguns dos infográficos da versão digital do jornal, tão comentados e elogiados aqui, no Brasil.
Gostei também da apresentação do Fabio Barbosa, presidente do Banco Santander. Ele não usou esse termo, mas falou sobre algo que acho bem importante na administração, que é a “teoria da janela quebrada“. É preciso resolver os problemas enquanto ainda são pequenos.
Acredito que seja um conceito que se aplica muito bem não somente na administração pública, mas também na privada (gestão de plataformas de redes sociais, por exemplo).
Bug em um sistema? Conserte o mais rápido possível.
Em tempos de Twitter e blog, em que todo mundo gosta de levantar bandeiras e mostrar opinião sobre tudo, Barbosa fez o contraponto ao falar que uma atitude vale mais do que mil discursos e bravatas.
O engenheiro Osvaldo Stella, por sua vez, no finalzinho de sua apresentação, fez uma ótima ligação entre digitalização de conteúdos e a preservação ambiental. O MP3 é a melhor coisa para o meio ambiente, segundo ele. Acabou com os CDs e desmaterializou a música.
É interessante, pois quando se fala de digitalização, quase sempre o lado da queda de custo é abordado, mas pouco sobre o efeito ecológico do digital.
Citando números do crescimento das LAN Houses no Brasil, Ronaldo Lemos, da FGV e Creative Commons, levantou a questão da apropriação das tecnologias nas periferias do Brasil, o que me fez lembrar a questão do autodidatismo. Você aprender por necessidade e conta própria.
Com a palestra de Lemos, ficou mais claro ainda para mim que apropriação de tecnologias e autodidatismo são duas coisas que andam juntas. Não somente hoje, ou no Brasil, mas quase sempre na história e em outros países foi assim.
Outro ponto interessante foi o lançamento do Vote na web, site que simula uma votação, onde você também pode votar nos mesmos tópicos dos políticos. Essa simulação serve para que, no final, você possa confrontar os seus votos com os dos deputados e, a partir disso, descobrir com quais você tem mais afinidade política. Ideia que foi levantada durante o 1º Transparência Hack Day.
Achei o evento meio ufanista em alguns momentos, o que o tornou um pouco cansativo. Em parte, efeito colateral do tema central, “O que o Brasil tem a oferecer ao mundo agora?”.
Quando terminou o TEDxSP, eu saí com uma opinião sobre o evento, mas depois percebi que ainda era cedo para ter uma avaliação final e definitiva. O TEDxSP, na realidade, ainda não terminou.
Saberemos a sua validade somente daqui a algum tempo, pois, diferente de alguns eventos, o TEDxSP não é um ponto de chegada, mas de partida para ações.
Veja também:
O que aconteceu no 1º Transparência HackDay
Crédito da foto: (2) Alexandre Fugita


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