Importância da publicidade separa Google e Murdoch

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O papel da publicidade como subsídio para o jornalismo daqui para frente. Esse é o ponto principal que difere a visão de Rupert Murdoch da visão da Google sobre o futuro das empresas de jornalismo.

Enquanto a empresa de busca acredita que o futuro do jornalismo passa pela publicidade online, Murdoch, diretor da NewsCorp (WSJ, Fox, Myspace), pensa de forma contrária. Apesar dos números de crescimento, acredita que a publicidade online não sustenta nem sustentará o jornalismo.

A cobrança por conteúdos será inevitável.

No caso, ir contra os agregadores de notícias é apenas consequência dessa visão de Murdoch. A partir do momento em que um negócio não se sustenta por publicidade, ele não precisa tanto da visibilidade e do tráfego proporcionados por agregadores como Google News e Yahoo! News.

Esse posicionamento ficou bem evidente num artigo publicado no começo desta semana, no Wall Street Journal, por Murdoch. De certa forma, o artigo é uma resposta a outro publicado uma semana antes por Eric Schmidt, diretor geral da Google. Nele, Schmidt defende a Google das acusações de que a empresa de busca é a principal responsável pelo queda de receita e circulação dos jornais.

Comparando os dois artigos, ficam evidentes as divergências e convergências dos dois empresários, que atualmente têm um papel-chave na área de mídia.

Homem jornal

Schmidt e Murdoch concordam em dois pontos. Um deles, não devemos culpar as novas tecnologias pela crise dos jornais na Europa e nos EUA. E o outro, se não a melhor, a internet é uma das principais plataformas de distribuição de conteúdo jornalístico. Em essência, o que difere mesmo os dois é a questão do peso da publicidade como fonte de receita no “futuro do jornalismo”.

Em seu artigo, Murdoch bate de frente com os agregadores de conteúdo, acredita que eles “roubam” conteúdo. Por outro lado, o diretor geral da Google se defende afirmando que o Google News redireciona tráfego, dá visibilidade aos conteúdos dos jornais.

Tipo de argumento já utilizado pela Google em outros tempos no YouTube e que não funcionou muito bem. De que adianta o seu conteúdo ter tanta visibilidade online, se isso não se reflete em receita direta, pensaram na época estúdios e gravadoras.

No final das contas, a Google teve que fechar acordos. O exemplo mais recente desse caminho de parcerias foi o lançamento nesta semana do site de vídeos Vevo, parceria da Google com as gravadoras Universal, Sony e EMI Music

Aliás, a situação é até que parecida. Empresas ameaçando tirar o seu conteúdo do YouTube. Jornais fazendo menção de impedir que o Google indexe o seu conteúdo. Por isso que a cada dia há a impressão de que o futuro do Google News será parecido ao do YouTube.

Para mim, não será nenhuma supresa se a empresa de busca for obrigada a fechar parcerias com produtores de conteúdo que tenham mais poder de barganha. A Google já tem atualmente acordos com algumas agências de notícias, o que a permite publicar o conteúdo delas.

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Crédito das fotos: Divulgação (1) Happyphoton (2)

9 respostas para “Importância da publicidade separa Google e Murdoch”.

  1. Oi Tiago,
    Legal o texto, como de costume. Acho que muito do que você diz nele vale para muitos outros conteúdos online além de jornais e revistas.
    Só duas observações: O papel da publicidade sempre não foi de subsídio para o jornalismo? E, o jornal impresso não tem um preço até para valorizar a publicidade?
    Abs, Bruno

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    1. @Bruno Galo

      Obrigado, Bruno. A publicidade é um dos subsídios para o jornalismo. No caso, acredito que esse posicionamento de Murdoch é mais contra essa visão recorrente de que tudo vai ser de graça na internet e quem vai subsidiar será somente a publicidade. A publicidade será a tábua de salvação.

      Sim, e o fato de um produto ser pago (jornal ter preço), ter um acesso mais restrito, pode valorizar ainda mais o espaço publicitário.

      Se a gente for ver, os dois modelos de receita comentados por Murdoch e Schmidt mais convergem do que divergem.

      abs

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  2. O Schmidt claro que está defendendo o lado dele. Ele apenas se faz de não bem informado para poder ter razão em atacar o Google. Ele não tá nem aí para a qualidade da pblicidade. O que ele tá interessado mesmo é no bolso dele, que cada ano que passa arrecada menos.

    O/A(Nem sei mais se é O ou A) google tá ficando cada vez mais forte. Muito grande. A tecnologia faz deles quase imbatíveis. Eles têm os melhores programadores, os melhores matemáticos e engenheiros. Agora estão em busca dos melhores advogados.

    Espere mais uns anos para vc ver disputas judiciais imensas dos governos contra o Goggle.

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    1. @Rafael

      Você tocou num ponto importante. Em seu livro sobre a Google, a jornalista Janet Lowe comenta sobre isso.
      Ela afirma que uma das partes que mais trabalha na empresa de busca não é a engenharia, mas a jurídica. O que garantirá o sucesso da Google daqui para frente serão seus bons advogados.

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  3. Eles sabem muito bem o que estão fazendo. Quando se está num nível desses o mais importante entre os adversários, é saber quando o outro está blefando. E o google faz isso muito bem.

    Eles estão cercados de gente inteligente – não espertas – pois os espertos é que tomam as decisões.

    Espero que o Google não se meta profundamente na política.
    Não consigo vislumbrar mais um google como antigamente….rssss
    Vamos ver se Larry Page e Sergey Brin têm pulso firme mesmo.

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  4. tiago, queria ver sua opinião sobre o cenário nacional e consumo de notícias por brasileiros. pegando os rankings de sites mais buscados e acessados, não temos os noticiosos. temos serviços, redes sociais, ou fofocas (é o mais próximo de notícia/jornalismo que chegamos).
    a impressão que tenho é que a maior parte dos brasileiros nunca soube consumir informação relevante, sempre viu o jornalismo como um passa-tempo, canal do pão e circo.
    nem preciso mencionar a diferença de mercado, né? nos EUA há revistas com mais de 20 milhões de leitores. no brasil, a veja chega a o q, 4 milhões pelo ipsos? abs!

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    1. @Rafael Bucco

      Sobre termos redes sociais na frente não é necessariamente um sinal ruim.
      As pessoas podem estar utilizando-as justamente para compartilhar informação jornalística.

      Mas é um assunto que merece uma análise mais calma e em um post.

      abs

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