Já vi essa história. O Facebook coloca os seus usuários em segundo plano e o seu objetivo de monetizar o grafo social na frente de tudo, muda a política de privacidade da rede social da noite para o dia. A chiadeira é geral. E depois Mark Zuckerberg, cofundador do Facebook, volta atrás e reconhece o erro.
A diferença é que desta vez a mudança na política de privacidade foi parar na capa da revista TIME e Zuckerberg não publicou o seu reconhecimento público que errou num blog da empresa, mas no Washington Post, um dos jornais mais influentes, cujo presidente faz parte do conselho de diretores do Facebook.
Tirando parte da imprensa supostamente antenada que ainda está deslumbrada com o Facebook, em geral, a reação foi de que a resposta de Zuckerberg às recentes críticas sobre privacidade foi fraca. O problema não é a última mudança, mas as constantes alterações na política de privacidade feitas da noite para o dia, sem o consentimento dos usuários, e as brechas de segurança na rede social que deixam vazar informações pessoais.
O artigo do Washington Post não difere da linha de pensamento de respostas a entrevistas e de outros textos escritos pelo cofundador do Facebook. Zuckerberg bate muito na questão de compartilhar conteúdo. O que, de um certo ponto de vista, é um bom discurso, mas, na prática, diz muito pouco.
As pessoas não estão no Facebook por que podem compartilhar conteúdo, mas sim pelo motivo de poderem se conectar a outras pessoas. Compartilhar conteúdo é apenas uma extensão desse motivo. De nada adianta postar um vídeo no Facebook se não há outras pessoas para assistir. Sem as pessoas conectadas, compartilhar conteúdo no Facebook não tem valor.
Ainda nessa linha de pensamento, Zuckerberg acerta ao afirmar que cada vez mais os dados sobre nossas vidas estarão inteiramente online, nas “nuvens“, principalmente depois que a internet efetivamente se tornar “a plataforma das plataformas”, servindo para assistir TV, ouvir rádio, fazer ligações e compras, armazenar registros médicos etc. Mas erra ao dar entender que isso significa o fim da importância da privacidade.
Concordo com Sharon Machlis, editora online da Computerworld, talvez o Facebook mude essa atitude somente quando surgir um concorrente de peso, o que não é impossível de acontecer. Se há algo que o mercado de plataformas de redes sociais tem nos mostrado nos últimos anos, é o fato de ser volátil.
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Crédito da foto: Mager

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