O risco de um projeto de jornalismo em uma plataforma de rede social patinar e não apresentar os resultados esperados é grande. Isso acontece por que existe um conflito.
Em sua maioria, as pessoas tratam plataformas de redes sociais como utilitários de comunicação. Assim como se dá com o telefone, as pessoas as utilizam para se comunicar com outras.
Não é sem motivos que, muitas vezes, no dia a dia, as plataformas de redes sociais substituem os telefonemas. Quantas vezes você não deixou de fazer uma ligação e preferiu enviar uma mensagem por meio do Facebook, Twitter ou Orkut?
No entanto, empresas de jornalismo e jornalistas têm o costume de tratar as plataformas de redes sociais como plataformas de conteúdo e de mídia. São vistas como um ambiente de divulgação de conteúdo e geração de tráfego. Tanto que, na maioria das vezes, a capacidade de propagar informações é supervalorizada, enquanto que a de comunicar é subvalorizada. As pessoas estão lá, sobretudo, para consumir notícias.
Essa visão é até justificável. E os erros são naturais.
Jornalistas não estão acostumados a lidar com plataformas de comunicação. São treinados para lidar com plataformas de conteúdo (plataforma de comunicação = telefone/plataforma de conteúdo e mídia = CNN, NYTimes, USA Today).
Isso vem mudando, mas não é à toa que empresas de jornalismo e jornalistas ainda são encarados como intrusos nesses ambientes e que há profissionais que se impressionam quando pesquisas mostram que a maioria das pessoas utiliza as plataformas de redes sociais para se comunicar com os amigos e não para consumir notícias.
O WSJ, por exemplo, tem uma coleção de decepções no uso das plataformas de redes sociais. Após a bolha da internet, tentou lançar uma “rede social de leitores”. Foi um fracasso. Em 2008, tentou criar outra plataforma de rede social – a WSJ Community, que hoje, parece mais uma cidade fantasma.
É difícil para uma empresa habituada a sempre lidar com conteúdo/mídia ter que entrar no negócio de plataformas de comunicação. O caso “MySpace e NewsCorp” exemplifica bem isso.
Nesta terça-feira, o jornal lançou o WSJ Social, aplicativo para o Facebook, no qual é possível ler o conteúdo da publicação dentro da rede social. No caso, seus contatos no Facebook funcionam como um filtro/editor ao indicar qual matéria é mais interessante.
Tecnicamente, o WSJ Social é um frame do site do jornal dentro do Facebook. Todo o conteúdo está hospedado no site da publicação, o que ajuda a contar como tráfego. A publicidade é exclusiva do aplicativo e a receita gerada fica com o jornal. O Facebook, no caso, ganha a liberdade de gerenciar os anúncios fora do aplicativo, na barra à direita na lateral da plataforma de rede social.
O interessante do WSJ Social não é a questão de potencializar o uso do círculo social como filtro das informações (outros aplicativos já fazem isso e com conteúdo mais diverso, não apenas ligado a uma marca), mas sim o fato de ser um sinal de que o WSJ começa a pensar de modo distribuído.
É aquela questão recorrente. Não esperar que os consumidores venham até você. Mas ir onde eles estão. Se os leitores não vêm até o seu site, o seu site vai até eles. Se eles estão no Facebook e no Twitter, o site de uma publicação vai até lá.
Isso faz com que o site de um jornal passe a ser analisado como um meio e não um fim em si mesmo. Algo que acrescenta diversos desafios, sobretudo na mensuração da audiência.
O Star Tribune, por exemplo, considera o número de fãs no Facebook como dado oficial de circulação.
Pensar de modo distribuído no meio digital não é um tipo de posicionamento exclusivo das empresas de jornalismo.
O diferencial da Zynga, desenvolvedora responsável por jogos como Farmville e Mafia Wars, não foi tanto a questão do social (jogos sociais e online existem há anos), mas sim o fato de ser uma das poucas empresas de games que começou a pensar de modo distribuído.
Ir onde as pessoas estavam foi o grande lance da Zynga. Se elas estavam passando cada vez mais tempo no Facebook, a Zynga precisava estar lá.
É uma empresa de games que não tem um console de jogos. Na verdade, ela está distribuída.
Enfim, a Zynga entendeu e parece que o WSJ também:
Uma coisa é usar a rede. Outra coisa é estar em rede.
Veja também: A morte de Bin Laden e as 7 fases do Twitter
Crédito da foto: Tea


4 respostas para “WSJ Social e o jornalista como intruso”.
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Plataforma de comunicação = MSN
Plataforma de conteúdo e mídia = GLOBO.com
Em defesa do conteúdo…
Tenho dúvidas da real utilidade das plataformas de comunicação (orkut, facebook, twitter, entre outros…).
Eu noto que ocorre um nível de contradição imenso entre o que as pessoas dizem que fazem nessas redes e o que realmente ocorre.
Você lê explicações de especialistas em rede sociais e os usuários que a utilizam e ouve coisas como: Rede Social é um lugar onde as pessoas interagem, trocam informações, postam conteúdo, aproximam os usuários das marcas(empresas), faz amigos, criam manifestações, se ajudam, conseguem emprego e o melhor, gera CULTURA. E isso tudo, no Orkut.
“Se isso fosse verdade, o Brasil seria o melhor país do mundo”
Isso simplesmente, não é realidade. As Rede Sociais são um reflexo da sociedade, se no mundo real nós não conseguimos realizar esses objetivos que “algumas” ferramentas virtuais se dizem capazes, pronto, está criada uma contradição, pois como eu disse, tudo é reflexo.
No ínicio do Orkut, eu fui um dos primeiros a utilizá-lo, apesar de não ser usuário ativo da ferramenta por razões de gosto, entro de tempo em tempo, com a esperança, de que minha opinião, um dia, possa mudar. Infelizmente isso ainda não ocorreu.
Contradições que ocorrem:
Interação ->
Fácil de explicar. Você gosta de pastel, então obviamente cria a comunidade “Eu gosto de pastel”, outras pessoas também gostam, portanto se juntam a você em sua comunidade, e bem, após isso… não acontece nada.
[O fato de não ocorrer nenhuma conversa sobre pastel ou sobre qualquer outro tema entre os membros não deve ser levado em consideração. Dessa forma, se torma fácil criar “interações” virtuais.]
Informações/Conteúdo ->
Para gerar conteúdo, é necessário uma pessoa interessada em escrever algo, que tenha uma razão por trás, um objetivo, uma expectativa do que esperar dos seus usuários a cada notícia postada.
[Alguém aqui já notou o baixo índice de conteúdo original na internet brasileira sobre QUALQUER assunto?.
Ou o conteúdo é traduzido totalmente de sites americanos(o que é péssimo no sentido de não haver “capital social/Capacidade” no Brasil, mas é bom para os usuários, pois muitas vezes, apenas com esses textos, se consegue participação em comentários)
Ou o conteúdo é criado nacionalmente com apenas 10 linhas(geração 140 caracteres), onde é visto claramente, a falta de idéias e de profundidade em diversos assuntos.]
Marcas(empresas) ->
Basicamente as empresas criam sua comunidade nas redes sociais e querem a participação dos usuários sobre seus produtos.
[Não irei entrar em detalhes, as pessoas, inclusive eu, temos mais o que fazer do que passar nosso tempo tentanto ajudar empresas bilionárias de graça. Fico imaginando qual seria a utilidade dessas empresas nas redes sociais sem as famosas promoções…].
Amigos ->
n° de amigos = Pessoas que saem com você no final de semana.
[600 amigos? haha, tem gente que tem essa quantidade toda de “amigos” e passa os finais de semana sozinho em casa]
Manifestações/Protestos ->
Usar o mundo virtual para mudar o mundo REAL. Pura balela.
[Se vocês virem os vídeos sobre a revolução Líbia, irão notar que as pessoas que estavam nas ruas, estavam todos segurando/portando uma coisa chamada “ARMAS DE FOGO”. Não lembro de ter visto UMA pessoa sequer nas ruas gritando com um notebook nas mãos, usando rede WireLess para postar mensagens INCRÍVEIS contra o governo e fazendo valer seus direitos.
O que vocês acham que tem mais impacto para uma mudança social e na vida do Muammar al-Gaddafi(Presidente da Líbia)? Ver rebeldes armados berrando para ele sair do poder nas ruas e pedindo mudanças no país ou um bando de pessoas enchendo o email dele de spam?].
Emprego ->
Ser capaz de conseguir emprego no mundo real ou ganhar dinheiro no virtual.
[Raríssimas exceções, raríssimas… Não deve nem ser levado em conta].
CULTURA ->
Internet sendo capaz de gerar conhecimento.
[Com tudo que falei acima, vocês ainda acham que existe nível alto de cultura?]
O interessante disso tudo é que passado algum tempo, surge outras redes sociais, e as mesmas pessoas de sempre migram para elas, esperando, imagino eu, melhorias. Como isso não ocorre, esse processo contiua repetidamente. E não há indícios de que isso vai mudar. Todas as Redes Sociais são muito parecidas, com seres humanos as habitando. Se existe alguma diferença, bem, só pode ser as pessoas.
(Para os brasileiros)
Respondam essa pergunta.
Qual a diferença entre o Orkut, Facebook, Twitter e de todas as Redes Socias?
a)Variedade de jogos
b)Usabilidade (A pagína é mais intuitiva, bonita, fazendo com que as pessoas utilizem por achar mais facíl)
c)Comunicação
d)Ganhar dinheiro se auto promovendo
e)Quantidade de brasileiros em cada uma dessa redes.
hehe… difícil não é mesmo?
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[…] nada mais são do que perfis em plataformas de redes sociais e blogs. Ou melhor ainda, pensar de modo distribuído. A presença das empresas nestes pontos deve ser um mix entre fidelizar/conversar com os […]
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