Google tem cartas na manga

Om Malik, fundador da rede de blogs Giga Om, publicou um artigo meio controverso sobre os lançamentos da Google nesta semana. Para o jornalista, ao lançar produtos como o set-top-box Nexus Q e o tablet Nexus 7, a Google estaria comprando briga em diversos setores. A empresa não teria diferencial nem fôlego para vencer todas as batalhas, principalmente contra Facebook, Microsoft e Apple.

Vou discordar um pouco do Malik.

Das quatro empresas ligadas à web, a Google é uma das poucas que está indo além da camada de aplicações da internet. Está entrando na camada de infraestrutura física da rede. Desse modo, a empresa pode se tornar mais independente, evitando a interferência de terceiros e a necessidade de realizar tantos acordos de peering. Fato que o jornalista da Wired Andrew Brum mostra muito bem no livro Tubes: A Journey to the Center of the Internet.

Ademais, se já não é a maior, a Google é uma das maiores fabricantes de servidores do mundo. A empresa projeta os seus próprios servidores de uma maneira que até hoje ainda não foi bem explicada (segredo de mercado).

É importante levar em conta essa questão da camada de infraestrutura física da internet, principalmente quando se fala em distribuição de conteúdo digital para a TV, uma as áreas em que a Google mais mostrou interesse em marcar presença durante a apresentação do Nexus Q nesta semana. O Nexus Q é um aparelho que permite acessar conteúdo digital – filmes, música, vídeos do YouTube – na TV.

Se a gente olhar somente para a camada de aplicações da internet, realmente parece que a Google não tem nenhuma carta significativa para competir neste setor.

Contudo, têm acontecido coisas importantes nos bastidores – por não possuírem acordos sólidos com operadoras de telecom, donas da estrutura física da internet, Netflix e Hulu vêm enfrentando problemas em entregar os seus serviços aos usuários finais. A Microsoft, por sua vez, se viu obrigada a fechar, no ano passado, acordos com as principais operadoras americanas de telecom – Verizon e Comcast, com o objetivo de garantir que o conteúdo multimídia oferecido pela Xbox Live chegue sem gargalos aos aparelhos de TV.

Esse cenário não quer dizer que a Google será vencedora (ainda há a Apple TV e diversas variáveis), mas teoricamente, a empresa de busca teria uma vantagem ao estar investindo em uma infra própria, dispensando assim os acordos com as operadoras.

É esperar para ver.

A propósito, o que ficou evidente nestas duas últimas semanas, com os lançamentos da Apple, da Microsoft (Surface tablet) a agora da Google (Nexus 7 tablet, Nexus Q), é que a história das empresas de tecnologia pessoal ainda está sendo escrita. Muita pedra ainda vai rolar.

Veja também: O futuro do Google+ está nas “redes privadas”?

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