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BitTorrent não é somente pirataria

Meio óbvio falar isso, mas o BitTorrent não é uma tecnologia utilizada somente para pirataria. Aqui, no Brasil, o Canal Futura, ligado à Fundação Roberto Marinho, a utiliza para distribuir os seus programas em formato digital.

Nesta semana, a Internet Archive, organização dedicada a preservar quase tudo em formato digital (filmes, músicas, textos), passou a oferecer mais de 1 milhão de shows, filmes e livros sob domínio público no protocolo do BitTorrent.

O uso do protocolo faz bastante sentido. Em vez de baixar de um único servidor, num processo de perde-ganha, com o BitTorrent a pessoa pode realizar o download de várias fontes ao mesmo tempo, fazendo com que processo seja mais eficiente.

Há apenas um problema com essa atitude. Muitas escolas e universidades proíbem em suas redes o protocolo do BitTorrent justamente em razão de a tecnologia ainda ser associada à pirataria digital.

Mesmo sendo utilizado por empresas reconhecidas, até hoje o BitTorrent tem o estigma de ser ligado à pirataria e à distribuição de vírus pela web.

A ação da Internet Archive reacende o debate sobre um dos principais desafios atuais a respeito da digitalização. A questão não é tanto digitalizar ou não, mas como recuperar de forma inteligente e útil as informações que temos em formato digital.

De que adianta termos tantas informações digitais armazenadas em servidores e bancos se não conseguimos recuperá-las e visualizá-las de tal forma que faça sentido prático em nosso dia-a-dia?

A atitude da Internet Archive revela também o quanto vem mudando a postura a respeito de tecnologias e conceitos que até então eram vistos como alternativos.

No mês passado, por exemplo, o serviço de aluguel de filmes Netflix anunciou a utilização do conceito de “crowdsourcing” para legendar alguns dos filmes e programas de TV disponíveis. Os próprios usuários do Netflix são convidados a ajudar na produção das legendas, que depois passam por revisão. Cá entre nós, uma dinâmica já bem comum entre os usuários de internet – legendar filmes e séries de TV de forma colaborativa.

Veja também: A digitalização tarda, mas não falha

HTML5 como forma de burlar a Apple

O Kindle, da Amazon, é um daqueles produtos que tem como estratégia tirar proveito de uma das principais características da internet – ser “device agnostic“. Ou seja, a possibilidade de acesso por meio de praticamente qualquer dispositivo – celular, laptops, tablets, carros.

Com o sistema Kindle, você pode acessar e ler um ebook praticamente de qualquer dispositivo – a partir do próprio leitor/dispositivo Kindle, do computador, celular e tablets (via aplicativos).

Essa dinâmica do Kindle ficou ameaçada há duas semanas, quando a Apple forçou a Amazon a remover de seus aplicativos links externos para a compra de livros. A intenção era fazer com que toda compra via aplicativo do Kindle passasse pelo sistema de pagamentos da Apple, o que lhe garantiria uma comissão de 30% em cada venda de ebook.

Nesta semana, a Amazon lançou o Kindle Cloud Reader, versão em HTML5 do Kindle, que roda no próprio navegador e dispensa a instalação de aplicativos ou a passagem pela loja de aplicativos da Apple. O Kindle Cloud Reader emula as funções mais importantes existentes no atual aplicativo do Kindle para celular e tablet.

O lançamento é noticiado como uma resposta da Amazon à Apple.

Na verdade, o Kindle Cloud Reader faz parte de um movimento maior – de tratar os aplicativos em HTML5 não como ponto de partida, mas consequência de uma estratégia de cortar intermediários e ganhar mais autonomia.

O Financial Times foi um dos primeiros a cortar a intermediação da Apple. Lançou em junho uma versão em HTML5 de seu site, voltada para tablets.

A criação da versão em HTML era quase irresistível. Hoje o jornal ganhou mais autonomia – pode fazer vendas das assinaturas diretamente, evitando assim a intermediação da App Store e os consequentes 30% de comissão. Além disso, a publicação conseguiu uma logística melhor de desenvolvimento. Segundo Stephen Pinches, gerente de produtos do FT, era quase impossível desenvolver um aplicativo separado para cada dispositivo.

Da mesma forma, a Playboy americana lançou o iPlayboy, versão em HTML5 de seu site, voltada para iPad, na qual é possível ler a revista sem precisar passar pela App Store. O site de vídeos Vudu já migrou o seu aplicativo para uma versão HTML.

O site de livros Kobo promete seguir caminho parecido ao lançar um novo aplicativo.

Apesar desse cenário, parece que a migração não está preocupando muito a Apple – os aplicativos com maior faturamento na App Store são os de games, que dificilmente migrarão para uma versão em HTML.

O lançamento do Kindle Cloud Reader e de outros aplicativos em HTML5 são um exemplo de como o mercado encontra soluções para que a web mantenha algumas de suas características – ter baixas barreiras de entradas e gerar autonomia tanto para empresas quanto pessoas.

 Veja também: Hulu entende que o futuro é “device agnostic”

Três novas formas de apresentar velhos conteúdos

1) Condition ONE é um projeto que busca tornar o “videojornalismo” mais imersivo. Para isso, utiliza câmeras DSLR. No aplicativo para iPad, você poderá mudar o ângulo do câmera como se estivesse dentro da ação (uso de vídeo em 360º). (Dica do Pedro Daltro nos comentários)

2) Atavist se propõe a formatar textos longos e “grandes reportagens” para tablets e outros dispositivos móveis – inserção de elementos multimidia (fotos, vídeos, mapas).

3) A Google inaugurou nesta semana 5 formas diferentes de visualizar um blog hospedado no Blogger – Flipcard, Mosaic, Snapshot, Sidebar e Timeslide.

Veja também: Novo layout do portal MSNBC

Um dia para falar sobre email

Inbox Love é o nome de uma das conferências que aconteceu neste final de semana no Vale do Silício. O evento foi dedicado a discutir uma única coisa – a tecnologia de email.

O assunto chamou a minha atenção. Para mim, email é uma das tecnologias mais universais de comunicação. Simples de utilizar, atinge uma extensa faixa demográfica e “conversa” com diversos serviços de internet e dispositivos.

Segundo o Financial Times, dois assuntos dominaram o evento

O primeiro – como lidar com a avalanche diária de emails, tema que vem quebrando a cabeça de diversas startups nos últimos anos.

Jeff Lawson, da Twilio, fez a sugestão de priorizar o email de acordo com o direcionamento. Emails direcionados diretamente a você têm alta prioridade; as mensagens em que você é incluído em uma lista (via cc) ganham prioridade média; já os chamados “broadcast emails” – newsletter – adquirem o rótulo de  baixa prioridade.

Joshua Baer, diretor geral do Other Inbox, propôs a criação de um padrão que indicasse a relevância de um email a partir da data de envio ou recebimento. Emails de convites para um evento se autodeletariam após a realização do mesmo. Algo semelhante aconteceria com mensagens de promoções ligadas a certas datas, como Dia dos Namorados. Após um período, outras mensagens também poderiam se autodeletar, como os alertas de redes sociais.

Outro assunto da Inbox Love foi de que nossas caixas de emails dizem muito sobre a gente.

Jeff Bonforte, da Xobni, fez uma definição interessante. Nossa caixa de email é uma espécie de “Wikipedia pessoal”, lá estão informações com quem conversamos mais, quais são nossos assuntos preferidos, redes sociais online das quais fazemos parte, onde fazemos compras online.

Bonforte não é o primeiro a seguir essa linha de pensamento. Os pesquisadores Nicholas A Christakis e James H. Fowler, autores do livro Poder das Conexões, e a brasileira Fernanda Viégas, da Google,  já haviam demonstrado em seus estudos que nossos correios eletrônicos têm informações valiosas sobre as nossas interações sociais. É possível fazer um verdadeiro raio-X de uma pessoa simplesmente analisando as mensagens e o seu padrão de uso de email.

É por essas e outras que eu digo – email é uma das coisas mais íntimas que temos online.

Veja também: Minha vida, meus emails e eu

Editor de fotos (com código embed e em HTML5)

Aviary é uma das poucas suítes de ferramentas online que permaneceu após o boom da chamada Web 2.0.

Nesta quarta-feira, lançaram o Feather, editor online de fotos feito com base em HTML5.

O mais interessante do Feather é que ele gera um código embed, igual ao YouTube, permitindo embutir o editor em qualquer site.

Vale lembrar que, nesta semana, a Google também lançou um site feito com base na nova versão do HTML, o 20 Things I Learned About the Web,  guia sobre princípios básicos da internet.

Veja também: Pearltrees ajuda a ‘organizar’ visualmente a web